25 de nov. de 2009

Grupo Atuadores de Teatro - Espetáculo Entre-Atos


Adaptação das obras Ato sem palavras I e Ato sem palavras II do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Direção e concepção cênica de Harley Campos.

O Grupo Atuadores neste espetáculo aponta um projeto artístico de qualidade, sabe da importância da organização, tem clareza sobre seus temas de interesse e articula-se em torno de uma idéia valiosa, o caráter profissional de sua montagem que inclui entre outros fatores a existência de uma dramaturgia original, que conduz seus anseios de intervenção.

Essas características se por um lado qualificam o projeto, também coloca os atores diante de um desafio teatral na dramaturgia universal.

O espetáculo do Grupo Atuadores de Teatro nos traz duas Pantomimas dramáticas no qual no contexto particular e melhor ainda, numa linguagem extrema do teatro do absurdo.

A abordagem foco da dramaturgia Beckettiana coloca entre as melhores do teatro universal, pela maneira que o autor condiciona o ator em cena, valorizando o trabalho de interpretação para o crescimento profissional dos atores, que lhe aprofundam na linguagem cênica.

O espetáculo Entre-Atos, parte do princípio circense, onde o fazer teatro é uma ação lúdica, consciente e que tem como propósito levar ao público o “estado” artístico de um ato que interage com o seu princípio. O circo traz um dos conceitos do desmontável, ou seja, circular no sentido do ponto de partida, um eixo nada é solto propicia mitos quando ambos se permitem visualizar este estado artístico e encontrar o seu país, ou seja, sua concepção de mundo.

A peça é amparada em pesquisas temáticas, segundo relato do diretor Harley Campos.

De fato, entre diversas “entradas” abertas pela montagem, chama a atenção às personagens das cenas dos personagens beckettianas, onde os atores representam cenas do cotidiano, a partir da trilha sonora de Carlos Santana, Edu Planchêz, Tim Maia, Janis Joplin, Elza Soares e Igor Stravinsky.

As cenas vão se desenvolvendo com recursos de ritmos de percussão, sons de animais, aves e eletrônicos passando uma sonoridade com ritmos acelerados, lentos e normais, relatando o sofrimento e anseios das personagens a partir das músicas, os atores aproximam da dramaturgia dos tipos beckettinianos e revela personagens de uma narrativa, pelos desenhos dos personagens em traço deliberados com exposição de gestualidade e dos recursos vocais, junto à exploração de caracterização de maquiagem, máscaras e dos figurinos, facilitando a construção dos personagens dramáticos, muitas vezes tratados comicamente. Espetáculo traz sua poética através da trilha sonora, com outro plano panorâmico, a máscara da comédia Del’arte, perna de pau, pirofagia e jogos cênicos são acrescentados em homenagem ao circo, relata a máscara dos maus tratos com pacientes em hospitais públicos. Um desfile de tipos paralíticos, cegos, amputados, cancerosos, e pacientes em cadeira de roda.

Os médicos torturam os pacientes, maltratam, e o olhar para a platéia reflexão é mediado pelos próprios personagens que permanecem na reflexão dos fatos.

A montagem tem mérito de organizar em uma única Pantomima vários movimentos, ações rápidas, lentas, aceleradas, normais até a exaustão, o tempo e o espaço da ação. E de deixar em aberto algumas das dualidades e precisões que a dramaturgia alimenta propositalmente a favor dos atores, a resistência física, as personagens condicionam os tempos e espaços da ação e deixam em aberto para que o teatro Beckettiniano apareça. A favor do sofrimento das personagens, a resistência física dos atores e condicionamento, ensaios e jogos para a preparação e montagem do espetáculo Entre-Atos, estão a cenografia e iluminação do espetáculo.


O cenário tem um deserto ao fundo, a frente uma passarela completamente iluminada em toda sua extensão, uma estrutura de andaimes para subir e descer contra regras e adereços a ser manipulado pelos atores. A favor do sofrimento, resistência das personagens está o cenário idealizado, o cenário que tem as imagens do deserto completamente cinza, vermelho, laranja, amarelo, ao entardecer e dialoga com uma luz centrada na faixa que vai à primeira Pantomima.

Ambientes com bom efeito esse movimento das personagens. Quando a direção dos atores, ainda que o elenco traga ao palco qualidade individual evidente a composição física seja em qual bastante clara, as mudanças e anomalias do comportamento das personagens são apresentadas esquematicamente passando por vários jogos dramáticos, exercícios de respiração, expressão corporal e dicção para aproximar do teatro do absurdo.
A psicologização dos atores conscientes para definir esses contrastes de personalidade é preciso criar condições de exercícios faciais e relaxamento para a construção das personagens.

Em Entre-Atos, o Grupo de Teatro Atuadores, poeticamente vê uma possibilidade de linguagem e uma discussão apaixonante sobre a questão do cotidiano nos hospitais, nas ruas, em qualquer lugar está presente o teatro de Samuel Beckett, Prêmio Nobel de literatura de 1969.

A relação do ser humano entre o tempo e a existência.

As personagens dramáticas através de suas angústia, desespero. Sofrimento e dor criada pelo autor, propiciam ao grupo uma bela montagem cênica de fundo dramático.

A história redimensiona no decorrer da montagem, revelando e justificando em desenho de cena 1º um homem é lançado a uma plataforma completamente iluminada, tenta dela sair e é novamente lançado na plataforma” é projetado no deserto, a contra gosto. Cai, levanta, sacode a poeira da volta por cima, reflete, nada nas mãos.

Em outro plano, areias e barros personagens correm até a exaustão. Numa etapa de criação, o grupo passa por um processo de trocas de experiências com coreógrafos, músicos, psicólogos, pesquisadores, assistentes sociais, jornalistas e poetas, cantores e cria uma estratégia a que aproximem desse fundamento essencial à peça, a investigação do conflito entre o fato e o ato.


“Ato Sem Palavras I“ - A obra foi escrita em francês com musica e John Bechett em 1956. , primo o autor, tem como tema a solidão: um homem é lançado à contra gosto no deserto, levanta-se e poe-se a refletir, uma força antagônica leva-o a sair daquele ambiente, mas é lançado novamente repetidas vezes.


“Ato Sem Palavras II” Segundo Beckett escrita mais ou menos na época (1956, Século XX) tem apenas dois sacos sobre uma plataforma incômoda e muito iluminada. Ao serem despertados por aguilhões executam uma série de ações: Homem A é muito lento, enquanto Homem B é muito rápido e agitado.


Grupo Atuadores de Teatro
Adaptação da obra “Ato sem palavras I” “Ato Sem Palavras II” do dramaturgo irlandês de Samuel Beckett
Prêmio Nobel de literatura de 1969

Sinopse do espetáculo

Aprofundamento da linguagem cênica do teatro do absurdo das obras do autor dramaturgo Irlandês Samuel Beckett.


A montagem do Grupo Atuadores de Teatro focalizando a condição humana, retrata através das pantomimas personagens dramáticos que não desejam a felicidade porque a priori sabe da impossibilidade. A ambientação de suas peças, que para alguns estudiosos “não são mais do que fragmentos das novelas, episódio imersos num contexto mais amplo”, caracteriza-se pelo vazio e desrespeito ao tempo cronológico.
Em seu mundo, o sofrimento não adquire dimensão heróica. Nele o sofrimento, a angústia e a ansiedade possuem algo cômico. Seus personagens não crêem em Deus, nem em si mesmo. Enredo e personagem se realizam sobre o duplo signo da solidão e do silêncio. O artista genial que criou tipos inesquecíveis e perturbadores, como Wladimir e Estragon, da peça “Esperando Godot” continua em “Companhia” a sua obsessiva pesquisa de linguagem. Verdadeiramente, uma das mais radicais já empreendidas pela literatura no século XX.

Cai, levanta e sacode a poeira. Olha à esquerda, olha à direita e reflete, mas nada nas mãos. O homen beckettiano é um ser em processo de desagregação e não um ser normal. A normalidade parece ter sido extinta do universo como uma espécie de cegueira de si próprio, ou talvez seja ainda a maneira de representar a marcha progressiva da decadência física das criaturas num mundo sem ressonância espiritual.
O personagem representa surdos, embriagados, míopes, paralíticos e outros enfermos. É um rebotalho humano com sua cegueira e seu coração desfalecente, é a decadência física, a mutilação, o depauperamento gradativo. É a angustia em face do mistério e existência extraterrena que não lhe traz se não sofrimentos e cuja vida se resume em nascer-sofrer-morrer, nada justificando sua vinda ao mundo. É a angústia metafísica uma vez que as ardentes e sempre novas perguntas que o homem se faz permanece sem respostas lógicas, satisfatórias e definitivas.


Ficha Técnica

Teatro – Circo
Linguagem teatral: Teatro do absurdo
Direção: Harley Campos

       
 
Elenco / Personagens

Nomes
Personagens
Edugair Costa                        
Homem B Rápido, Enfermeiro, Operário. Esfinge, perna-de-pau, pirofagia.

Harley Campos                     



Homem Lento, Paciente, Poeta,

Nélio Fernando
Homem Rápido, Operário, Médico, Anjo Apocalíptico e Pássaro

Célia Tocco
Mulher Plataforma, Enfermeira Operária, Jornaleira, Manipulador do Aguilhão

Terezinha Madureira                                Mulher Plataforma, Enfermeira
                                                                 Operário, Manipulador do Aguilhão

Alex Hippie                                               pirofagia, malabares

Cenografia:
  • Harley Campos;
  • Nélio Fernando.

Figurinos:
  • Harley Campos;
  • Doralice das Graças.

Sonoplastia:
  • Operador de Som e Iluminador Técnicos


Criação de Iluminação:
  • Harley Campos.

Maquiagem:
  • O Grupo.

Preparação Corporal:
  • O Grupo.

Trilha Sonora:
Interpretes:
  • Carlos Santana;
  • Edu Planchêz;
  • Tim Maia;
  • Elza Soares;
  • Janis Joplin.


Montagem da Trilha Sonora
  • Harley Campos;

Equipe de Produção:
  • Harley Campos;

Empreendedor:
Inscrição Municipal: 152611
C.N.P.J. 023-499218.24
Razão social: Harley Campos
Endereço: Rua Benedita A. Bento Leopoldina, nº 118      Bairro: Jardim Sul
CEP: 12200-000 - São José dos Campos - SP
Fone: (12) 3937-9096 Cel: (12) 9209 -1822

08/06 3º lugar - Mostra Joseense de Teatro – Cine Santana – São José dos Campos – SP - Peça “Entre-Atos” (teatro do absurdo) Inspirado nas obras “Ato sem palavras I” e “Ato sem palavras II” de Samuel Beckett – Grupo Atuadores – direção de Harley Campos;

2006
04/02 Programação de carnaval 2006 – Sala Mário Lago – Pátio dos Trilhos – Fundação Cultural de Jacareí – SP - Peça “Entre-Atos” (teatro do absurdo) Inspirado nas obras “Ato sem palavras I” e “Ato sem palavras II” de Samuel Beckett – Grupo Atuadores de Teatro – direção de Harley Campos;

17/06 Fundação Cultural de Mogi das Cruzes Sala Espaço o Meio Clarisse Jorge – peça “Entre-Atos” adaptação das pantomimas “Ato Sem Palavras I” e “Ato Sem Palavras II” de Samuel Beckett direção de Harley;

2008
30/03 Mostra Joseense de Teatro (campeão) - Cine Teatro Santana - Peça “Entre-Atos” (teatro do absurdo) Inspirado nas obras “Ato sem palavras I” e “Ato sem palavras II” de Samuel Beckett – Grupo Atuadores de Teatro – direção de Harley Campos;

01/05 – Festa de 1º de Maio Dia do Trabalho - Praça da Igreja São Judas Tadeu no Jardim Paulista – São José dos Campos / SP;

/08 Gravação do Video no Centro e Estudos Teatrais (CET) sobre o Teatro do Absurdo, sobre o Grupo Atuadores de Teatro – Direção de Vídeo Sérgio Ponti e Harley Campos;


1 e 2/08 Aniversário a Cidade e São José os Campos Peça “Entre-Atos” (teatro do absurdo) Inspirado nas obras “Ato sem palavras I” e “Ato sem palavras II” de Samuel Beckett – Grupo Atuadores de Teatro – direção de Harley Campos;

2 comentários:

  1. foi a primeira vez que vi uma companhia de teatro e tive o privilégio de assistir NO ALTO DA BARCA DO INFERNO indiscutivelmente incrivel............

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  2. Harley Campos, irmão, poeta, gênio: Parabens!

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